John Stott
terça-feira, 20 de setembro de 2011
A PARÁBOLA DOS FILHOS PERDIDOS E DO PAI PRÓDIGO
Os que confiam (Salmo 125)
O Salmo apresenta 3 tipos de pessoas:
1. Os que confiam
2. Os Ímpios
3. Os que se desviam
Shalom aleikhem (a paz sobre vós)!!!!
quarta-feira, 27 de julho de 2011
VINDE AS ÁGUAS (Izaias 55)
Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. (Isaias 55:1)
Existe alguns textos na bíblia que é quase impossível lê-los sem imaginar algumas cenas. Israel é uma terra muito seca. Quem viaja por esta terra, especialmente pelo deserto, experimenta uma sensação extrema de secura na garganta. Este tipo de sede pode levar uma pessoa a uma aflição intensa. O autor utiliza esta ilustração para apresentar a sede que carregamos em nossa alma. Viktor E. Frankl (um psiquiatra que parece mas não é teólogo) em seu livro “A presença ignorada de Deus”, diz que: sempre ouve em nós uma tendência inconsciente em direção a Deus”. A sede existe, porém, buscamos desesperadamente uma alternativa para ela, um “similar ou genérico”, para reduzir esta sede. Descobrimos então que a maior sede que temos está relacionada com a falta de Deus.
Esta é uma carta de amor de um Deus, para seus filhos em Babilônia. Tanto pode ser endereçada a Israel como pode ser endereçada a nós, cativos do pecado. Nós temos esta sede desesperada mas, não sabemos onde encontrar a água, não sabemos o caminho. O verso diz “todos”, isso inclui aqueles que não conhecem o caminho, que estão seguindo em busca da fonte que satisfaz. Tem um pensamento que diz: “em Cristo existe suficiente para todos e para cada um”. Seu sacrifício oferece para a humanidade se achegar a fonte das águas. Do mesmo modo que oferece a cada pessoa, de acordo com sua necessidade, uma oportunidade de saciar nossa sede particular.
Mesmo os que não merecem são chamados “os que não tendes dinheiro, vinde”. Se você acha que foi longe demais, não se sente digno ou com forças de voltar, é para você este chamado. O “vinho e leite” são citados no verso porque eram considerados artigos de luxo no oriente. Era símbolo das coisas boas da vida. Tem pessoas que sonham em poder desfrutar os prazeres da vida viagens, automóveis caros, luxo. O chamado do Senhor é para provar do melhor, das coisas verdadeiras da vida. O chamado é para provar da água.
Por que gastais o dinheiro... naquilo que não satisfaz? (verso 2)
As religiões pagãs tinham esta característica, se gastava muito dinheiro para adorar os falsos deuses. Eu penso nesta situação em nossos dias, e vejo como se gasta dinheiro com coisas que estão relacionadas com a aparência. O homem e a mulher de nossa época adora sua imagem. Gasta com coisas e logo precisa de mais. Já dizia o filósofo que: “o homem moderno vive entre a ansiedade de ter e o tédio de possuir”. Seguir os moldes deste mundo é tão caro. Gastamos com “aquilo que não é pão”. O pão era o alimento básico das pessoas no oriente. É como o feijão com arroz para nós brasileiros. Os ricos o faziam de trigo e os mais simples de cevada, o caso é que todos podiam se servir com ele.
O profeta chama atenção de todos: “inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá”. (verso 3)
Prestem atenção agora! Parem o que estão fazendo! Coloquem-se em uma posição de receptividade em que possam compreender o que vai ser falado. O Senhor, neste momento pede uma resposta daquele que ouve. E, não por acaso, Ele utiliza uma palavra que indica que devemos estar atentos e outra que indica tanto ouvir como obedecer. Se fizermos assim viveremos. Receberemos da valorosa água, para enfim saciar a sede que nos aperta o coração. Mas o que devemos fazer então?
Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. (verso 6)
Este verso poderia terminar o capítulo, ele explica o motivo de não conseguirmos saciar nossa sede. A palavra buscar tem uma conotação de exclusividade. Ou seja, buscai somente ao Senhor. Indica que outras fontes estão sendo procuradas. Não podemos buscar em mais de uma fonte, Deus não aceita isto. Temos que decidir a quem iremos servir. Por outro lado, vemos que embora estejamos buscando em mais de uma fonte, Ele continua perto de nós. A raiz da palavra indica que Ele está tão perto, mas está esperando nossa aproximação. Nossa decisão.
...porque é rico em perdoar. (verso 7)
Perdoar é não retribuir as ofensas com o castigo merecido. É assim que Deus quer agir com você. Ele tem um tempo determinado para nós, está aguardando nossa decisão. E você? Mas como Deus pode fazer isso? A palavra para perdão tem uma estreita ligação com a palavra utilizada na bíblia para a criação de Deus. Nós criamos de coisas que existem, Ele cria do nada. Como pode perdoar você? Que argumento pode ser utilizado a seu favor? Deus utiliza Seus próprios méritos para salvar os pecadores. Basta buscarmos de verdade. Amigo, depois de ler esta simples meditação, porque não correr para os braços de seu Pai celestial?
terça-feira, 12 de julho de 2011
Entendimento e Salvação (Salmo 119:169 e 170)
O salmo 119 é um monumento que exalta a palavra de Deus como revelação da vontade do Senhor e seus ensinos. Todo o salmo valoriza este aspecto e também nossa necessidade de meditar no tema “de dia e de noite”.
Os versos que estudamos tem uma particular estrutura literária que nos ajuda a entender, com profundidade, a prece feita pelo autor.
169: Chegue a ti, Senhor, a minha súplica; dá-me entendimento, segundo a tua palavra.
170: chegue a minha petição à tua presença; livra-me segundo a tua palavra.
Podemos organizar o verso em uma estrutura e entender melhor o seu sentido da seguinte maneira:
A Chegue
B a ti Senhor
C a minha súplica
D dá-me entendimento
E segundo a tua palavra
E’ segundo a tua palavra
D’ livra-me
C’ a minha petição
B’ à tua presença
A’ Chegue
Na estrutura observamos que a mensagem central do verso, acompanha a mensagem central do salmo, uma valorização da palavra/promessa de Deus. Vista sem a ideia da estrutura, poderíamos pensar que os pedidos deveriam ser mais importantes que qualquer outra coisa. No caso aprendemos muito com a estrutura que valoriza tudo o que o Senhor representa para nós. Os pedidos são importantes, mas, a palavra de Deus dá ao adorador a certeza de que podemos pedir. Para que pedir se o Senhor não tivesse feito sua promessa.
Por outro lado, o texto valoriza o sujeito mais importante da adoração, e não é o que pede. Este, não pode obrigar o outro a fazer a sua vontade. Ele está entregue, com confiança, não mãos de quem o pode socorrer.
Ao analisarmos as palavras descobrimos coisas incríveis também:
1. Chegue: difere das outras palavras do gênero, já que dá uma ideia de estar próximo o suficiente para ver ou tocar. Assim deve ser nosso sentimento, ao orarmos, ter a certeza que nos aproximamos do Senhor. No verso 170, o autor utiliza outra palavra que lembra quando o povo se dirigia com seus sacrifícios para o santuário para adorar ao Senhor. Sua oferta (pedido) chegava então a Deus.
2. Presença: o escritor tinha bem claro a importância da pessoa de Deus. Estar na presença dEle já indicava que ele podia confiar que a resposta seria a melhor.
3. Petição: estar tão perto para apresentar os pedidos, ao ponto de ver o tocar. Quando orarmos, este deve ser o sentimento que domina nosso coração. Quando oramos, o Senhor se inclina para escutar, a oração é uma ferramenta indispensável ao crente.
4. Entendimento/Livra-me: agora chegamos ao pedido, o primeiro fala sobre a capacidade de “distinguir entre” ou seja, de entender o que seria melhor. Quando abrimos nosso coração para que o Senhor nos ajude a descobrir o melhor caminho, fazemos da vontade dEle, a nossa vontade. Consagramos e santificamos a nossa vontade. Já sobre livramento, descobrimos que o profeta precisa firmar-se na salvação oferecida pelo Senhor. Somente quando abrimos espaço para que nossa vontade seja santificada, é que encontramos a salvação, pois ela vem de Deus e de fazer a sua vontade. Não é pela força humana.
5. Palavra: No centro da oração está a palavra de Deus. Da mesma forma, que a palavra de Deus, deve estar no centro de nossas meditações e pensamentos. Ao estudarmos a palavra, nosso coração se enche de fé.
A pequena prece nos ensina a grande lição da posição que o Senhor deve ser colocado em nossa adoração. A sua vontade é mais importante que a nossa. Ele sabe o melhor. Ele tem a primazia e deve estar em destaque. Tem você valorizado a palavra revelada como o ponto mais importante de sua meditação? Ela está numa posição mais destacada que seus pedidos?
segunda-feira, 11 de julho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
Deus Encoraja Josué (Josué 1: 1-3)
Por 3 vezes no capítulo 31 de Deuteronômio e por 3 vezes no livro de Josué, Deus dá palavras de ânimo ao novo líder repetindo a expressão: Sê forte e corajoso! Imagine que desafio para Josué!
Logo no verso 1, vemos desenhada a situação: Moisés é apresentado como Servo (‘ebed) de Deus e Josué é apresentado como Servo (sharat), um Ministro de Moisés, servidor voluntário. A palavra ‘ebed indica uma pessoa que está totalmente sujeita a seu amo. Um servo que está obrigado a servir. Este era o grande desafio de Josué. Mudar seu relacionamento com Deus.
Deus insiste em dizer que: “eu já vos dei todo lugar que pisardes com a sola do pé.” (Almeida do Século 21). Ou seja, somente o lugar em que pisar com o pé. Aprendemos com esta afirmação o seguinte:
a. Se ele deixasse uma parte do território descoberta, esta parte não seria dominada. Não podia ficar parado. Tinha que seguir, não podia ficar parado. A palavra para pé no verso 3 é Regel designa domínio sobre outras pessoas. O domínio de Josué estava delimitado a sua disposição em seguir, em lutar.
b. Existem áreas de nossa vida que necessitam serem possuídas. A conquista de Deus deve ser completa em nossa vida. Se abrirmos exceções, estas áreas serão ocupadas pelos “inimigos” ou por nosso inimigo.
Devemos confiar na promessa, ela é verdadeira. O Senhor já nos deu. Para alcançarmos a terra da promessa, temos que colocar a planta de nosso pé (não ficar parados), e confiar na vitória do Senhor.
quinta-feira, 24 de março de 2011
COMO?

O livro de Lamentações contém 5 capítulos e é distinguido por sua estrutura que obedece os mais rigorosos critérios da poesia hebraica. Os capítulos 1, 2 e 4 iniciam com a palavra típica para um lamento ‘êkâ (como). Esta palavra era utilizada em Israel quando se chorava pela morte de uma pessoa querida, daí a característica de lamentos e o próprio nome do livro.
Os capítulos 1, 2 e 4 começam com a idéia de lamento. O primeiro relata em termos gerais o problema. Já o segundo, entra em detalhes do processo. O capítulo 4 fala sobre as dificuldades do cerco babilônico a cidade de Jerusalem. Os três capítulos possuem 22 versos, sendo que, no texto original, os capítulos 1 e 2 possuem três linhas em cada verso, enquanto, o quarto só possui duas linhas. Já o capítulo 3, que não começa evocando uma lamentação como os outros capítulos, possui 66 versos. A soma dos versos dos versos dos capítulos 1, 2 e 4. Seria como um aprofundamento no tema. O capítulo 5, é na verdade uma oração. Não começa com a palavra ‘êkâ, possui também 22 versos, indica que os sofrimentos de Jerusalém, levaram o povo a buscar os braços de misericórdia divina, aguardando a resposta no tempo oportuno.
Porque um relato poético de acontecimentos já registrados em textos históricos? Os relatos de 2 reis 25 e Jeremias 52, nos dão os fatos relatados em um contexto históricos. Os cinco poemas de Lamentações utilizam-se da linguagem poética para relatar o fator emocional do tema.
O capítulo 3, que vamos analisar mais profundamente, coloca em contraste duas realidades: A Calamidade e a Esperança. Nos primeiros versos, o escritor se comunica com Deus na terceira pessoa do singular, é como se existisse uma separação. O escritor relata sua condição pessoal, as calamidades que afligiram o povo, também podem ser sentidas na vida do profeta. Ele sofre com o fato de, aparentemente, Deus ignorar a sua oração (v. 8).
A partir do verso 19 encontramos uma mudança na postura do profeta. Podemos destacar uma palavra que se repete nos versos 19, 20 e 21. O verbo “Lembrar” aparece nos três versos e é utilizando este verbo que vamos identificar a mudança na postura do profeta. Nos verso 19 ele pede para que Deus se lembre de sua “amargura”. No verso 20, ele diz que quando ele se lembra desta “amargura”, ele fica abatido. Agora a pergunta é: porque Deus pode lembrar e ele não?
Deus pode “lembrar da amargura” de Seu povo, porque Ele pode mudar a situação. O profeta não poderia se lembrar, já que, a idéia de se “lembrar” envolvia solucionar, e pouco faria tentando resolver. Deus não é afetado quando “se lembra” de nossas ansiedades. Ele tem uma visão diferente da nossa. Enquanto, nós vivemos entre um passado e um presente que passa de forma rápida, junto com um futuro que é para nós uma grande interrogação, Ele vive em um eterno presente que faz com que Ele tenha uma visão mais ampla de nossa vida. Um pensamento hebraico sobre o tempo faz uma alusão a um homem remando em uma canoa. Ele está olhando para trás, as ondas que a canoa deixa, fazem parte de sua visão da vida. Está de costas para o futuro.
Já no verso 21, encontramos o profeta mudando o foco de sua atenção. “mas quero lembrar do que pode me dar esperança”. A palavra esperança indica que um remédio pode ser usado, para que, em um curto período de tempo, o homem consiga se livrar do abatimento. Tenho que me lembrar do que pode me dar esperança, se me lembro das amarguras e ansiedades da vida, vou sempre me abater. Mais uma pergunta surge então: o que me pode dar esperança?
O verso 22 e 23 apresentam a idéia: A bondade do Senhor é a razão de não sermos consumidos, as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A idéia da Hesed de Deus era bem difundida entre os judeus. Era como um estilo de vida que cada servo do Senhor deveria seguir. Ir além da sua obrigação. Fazer o máximo, além do esperado. Assim seria a explicação da palavra “bondade do Senhor” (hesed). Deus vai além do esperado. Ele surpreende.
Então a esperança que muda o coração do profeta, a esperança que cura as feridas do seu coração, tem como base o Senhor. Não é algo incerto. A palavra esperança hoje, tem uma conotação de algo que possivelmente poderá acontecer. Existe uma possibilidade. A esperança que tocou o coração do profeta vem de uma certeza: apesar da situação que chegamos, apesar do sofrimento que cai sobre nós, podemos confiar no Senhor. O fundamento de nossa fé tem duas grandes bases então: Deus e a sua atividade salvadora. Ele vai além de sua obrigação. Eu posso ter esperança, pois no meio da embaçada visão das calamidades, tenho a certeza que o Senhor está atento a tudo isto.
A partir do verso 40, depois de uma auto avaliação (Examinemos os nossos caminhos), o profeta para um momento de confissão. Fala com Deus com uma nova postura, com mais familiaridade, utiliza a segunda pessoa do singular.
Bom é ter esperança e aguardar tranqüilo a salvação do Senhor (v. 26).
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O PECADO ENGANA E DESTRÓI

Apesar dos subtítulos escritos na bíblia não fazerem parte do texto inspirado, ninguém pode negar que muitos deles descrevem precisamente o conteúdo da porção bíblica correspondente.
Este é o caso da porção do capítulo 17:1-10 do livro de Jeremias. O profeta relata no primeiro verso, até que ponto chegou seu povo. O pecado estava tão arraigado, e como se isto não bastasse, seu engano estava tão escondido a seus olhos, que corriam o risco de não reconhecer a sua transgressão. E ai morava o perigo, já que, “o pecado engana e destrói”.
Jeremias deixa isto bem claro nos versos 5 e 7:
“...maldito o homem que confia no homem...”
“Bendito o homem que confia no Senhor...”
Existe um pensamento que diz que o maior inimigo é aquele que mora dentro dos nossos muros. E este é o caso de nosso coração. Quando Jeremias falava de como devemos desconfiar do homem, pensamos em várias pessoas que nos traíram a confiança. Porém, tenho para mim, que Jeremias estava pensando em uma pessoa em especial, ele mesmo.
Creio nisto porque logo em seguida (verso 9) ele relata “Enganoso é o coração...”. Não pense que o profeta estava pensando em todos os corações do mundo e excluindo o dele. Está afirmando sim que seu coração é enganoso. Uma tradução literal do texto seria: pegar pelo calcanhar. Esta é uma expressão idiomática que indica ser pego de surpresa. Quando menos se espera, vindo de uma direção que não se imaginava, somos pegos de surpresa. E como se isto não bastasse, temos um ferimento em nosso coração que é incurável (desesperadamente corrupto). Agora, o que mais espanta no texto, é a ultima parte do verso que diz “...quem o conhecerá?”. Que revelação incrível, já que o que mais acreditamos é que conhecemos o nosso coração. Isso é assustador! Antes de estudar Jeremias achava que poderia analisar meu coração de tal maneira, que saberia explicar tranquilamente minhas atitudes: erros e acertos. Mas o profeta não nos deixa nesta grande interrogação. No verso seguinte (verso 10), ele explica todo o trabalho de Deus em buscar entender cada um, com seus problemas, dificuldades, o profeta revela que: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamento”. Ele tem uma noção verdadeira de quem eu sou. Porque tomo determinadas atitudes. Minhas reações diante dos problemas. O Senhor conhece porque está empenhado em nos entender, já que, ele vai nos julgar. O restante do verso diz que este julgamento vai se dar “...segundo os frutos das suas ações”. a princípio isto pode nos ajudar já que eu poderia fazer um balanço de minhas atitudes diárias, procurando fazer mais coisas boas que coisas ruins.
Estaríamos seguros nesta situação se a palavra utilizada no idioma original para ações não dissesse respeito a nossas más ações. Que difícil nossa situação!
Porém quando voltamos ao verso 8 descobrimos algo fantástico: “Porque ele é como a árvore plantada junto as águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.”
Água na bíblia pode ser uma ilustração da influência do Espírito Santo (João 7:38 e 39), sendo assim, se pensarmos no verso entendendo que onde lemos sobre a água ou o rio, podemos substituir pela atuação do Espírito Santo, entendemos que se plantarmos a arvora de nossa vida junto ao rio do Espirito Santo, tão perto que nossas raízes possam alcançar este rio, sua influência vivificadora poderá nos ajudar, mesmo em meio ao período de sequidão (problemas e ansiedades). As folhas estarão verdes e muito mais que isto, nossa árvore dará fruto.
Plante sua árvore junto ao ribeiro do Espírito, deixe que suas raízes recebem vida. E isto só vai acontecer se colocarmos nossa confiança no objeto correto. Bendito o homem que confia em Deus.
MENOS CERIMÔNIA E MAIS PRÁTICA

Miquéias foi um profeta judeu que desenvolveu seu ministério no período dos reis Jotão, Acaz e Ezequias. Diferente de Isaías, não era de uma família nobre. Foi contemporâneo dos profetas: Izaías e Ozéias. Seu livro se encontra na seção da Bíblia Hebraica denominada “Profetas Menores”. No capítulo 6:8 o profeta nos brinda com uma importante lição sobre relacionamentos. O texto diz:
Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e Andes humildemente com o teu Deus.
Podemos observar dois aspectos relevantes no texto.
1. “Ele te declarou...”: Miquéias não estava por apresentar algo novo, uma nova luz, ou algo parecido. Desde que o casal no Édem desobedeceu a Deus, uma nova ordem foi criada na relação entre eles. Passou a existir uma separação entre Deus e o homem, que resultou em uma “desconfiguração” dos seres humano. O homem deixou de ter a imagem do criador. Porém, logo depois da queda, Deus revelou a Adão o plano preparado para lidar com a situação. Deus iria restaurar esta imagem, e com isso, trazer suas criaturas de volta a seus braços. Esta esperança foi transmitida por Adão entre as gerações seguintes. Isso foi confirmado pelo Espírito Santo (Romanos 8:16), e foi ampliado pela revelação dos profetas durante anos. O problema é que o povo foi com os anos perdendo o verdadeiro sentido desta revelação. Para os Hebreus que estavam sendo retirados do Egito, influenciados pela cultura deste pais dominante, Deus faz uma aliança, ordenando (Gálatas 3:19) os princípios que eles deveriam seguir para que este processo de restauração fosse seguindo, e estes princípios podem ser vistos no decálogo (Êxodo 20).
2. O problema que surge então, é que para obedecer estes princípios, o povo começa a criar regras tão abrangentes que tornou difícil a guarda destes princípios. O sábado é um exemplo disto. Foram criados 613 mandamentos para uma correta observância do dia de repouso. Destes 613, 365 eram proibições e 248 sugestões de coisas que poderiam fazer. Diante deste emaranhado de temas, Davi, tentando sintetizar a questão, resume esta quantidade em apenas 11 (Salmo 15). O mesmo fez Isaías (33:15) resumindo para 6. Porém, segundo os próprios judeus, quem consegue realizar com êxito esta proesa é o profeta Miquéias. E isto ele consegue no verso que estudamos.
Uma rápido estudo das palavras importantes do verso pode nos ajudar a entender os conceitos do profeta. O profeta entende que Deus já tinha revelado ao homem o que é “BOM” (Heb. TÔB). E esta palavra indica que o profeta estava pensando no sentido mais amplo da palavra.
a. A palavra estava relacionada com o bem prático, econômico ou material;
b. Também indicava bondade abstrata como beleza e prazer;
c. Valor qualitativo, que era usado quando se pensava na pureza do ouro, dos óleos aromáticos da mais alta qualidade e da nobreza do caráter;
d. Da bondade moral;
e. Do bem filosófico.
O bem que o profeta pensava abrangia todos os aspectos da vida, ou seja, Deus revelou ao homem o que ele precisava fazer, porém o homem, se cercou de tantas cerimônias, tradições e costumes, e tudo isto se misturou com a revelação divina de tal maneira, que os homens correm o perigo de achar que estas cerimônias, e simplesmente elas, são responsáveis pela restauração da imagem de Deus no homem. Estas cerimônias não tem valor sem a verdadeira piedade. Práticas externas não podem substituir uma santificação alcançada no contato com o Espírito Santo.
O profeta continua apresentando as formas de seguirmos de acordo com as revelações de Deus, de uma forma efetiva.
PRATICANDO A JUSTIÇA (Heb. MISHPAT): manter a honestidade em todas as suas ações. praticar seria igual a ordenar a vida de acordo com a vontade de Deus.
AMAR A MISERICÓRDIA (Heb. HESED): esta é a palavra mais importante quando pensamos em amor. Uma disposição mental em fazer o bem acompanhada de ações. O termo aparece 250 vezes na Bíblia Hebraica.
ANDES HUMILDEMENTE (Heb.TSANA): desenvolver um correto relacionamento com o Senhor, sabendo que Ele sabe o que é o melhor para cada um. Ele está no controle.
O profeta vai bem fundo no ponto que seria o verdadeiro sentido da religião: desenvolver uma íntima relação com Deus. As cerimônias e tradições só contribuem, se elas desenvolverem este relacionamento. O profeta está totalmente ciente de seu papel como revelador da vontade de Deus. As duas tábuas dos mandamentos são a prova da contextualização da mensagem. Praticar a justiça e amar a misericórdia, são fatores que irão influenciar diretamente os relacionamentos entre o homem e seu semelhante (como diz a segunda tábua da lei). Já o terceiro ponto, andar humildemente diante de Deus tem relação com a primeira tábua (com os 4 primeiros mandamentos), e podemos destacar o verbo andar que dá uma idéia que isto é uma questão diária e constante. Ande e continue andando.
Deus quer restaurar a sua criação, dia após dia, santificar seus filhos os preparando para viver com Ele. Isso tem a ver com um processo interno de transformação. Contemplação e prática. É um desafio para nós, permitirmos este trabalho. Isto tem a ver com disciplina e consagração.


