John Stott

Expor as escrituras é esclarecer o texto inspirado com tal fidelidade e sensibilidade que a voz de Deus seja ouvida e Seu povo lhe obedeça.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A PARÁBOLA DOS FILHOS PERDIDOS E DO PAI PRÓDIGO

O texto tão famoso do evangelho de Lucas capítulo 15, é composto de três parábolas primas que possuem uma estrutura que deveria ser idêntica:
1.                  Algo é perdido
2.                  Começa uma busca
3.                  É encontrado
4.                  Existe felicidade pelo que estava perdido e foi achado
A grande chave para entendimento do texto está nos dois primeiros versos:
v.1 E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
v.2 E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.

Não podemos perder de vista o grupo que estava assistindo a pregação, pois foi para este grupo que Jesus tinha uma mensagem. Eram 2 grupos, assim como eram 2 filhos. Este detalha vai nos dizer muito, já que, cada filho representava um grupo. Os publicano e pecadores representavam o filho mais novo. Os fariseu e publicanos, o filho mais velho. Nosso costume é ressaltar a história do mais novo, como a parte central do texto, mas, quem estava reclamando de Jesus era o segundo grupo. Jesus queria provar para eles que o que fazia estava certo, desta forma, devemos nos prender na história do filho mais velho. O mais novo e sua lida, na verdade, é uma introdução para a verdade que gostaria de apresentar para os fariseus e publicanos.
v. 11 E disse: Um certo homem tinha dois filhos;
v. 12 E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles  (ou lhes repartiu) a fazenda.
O pedido do filho mostra uma fala de respeito pelo pai, já que este pedido só faria sentido caso o pai já estivesse morto. Ele não podia pedir sua parte da herança com seu pai ainda vivo, porém, o detalhe mais importante do verso não é este, mas, que o pai repartiu a herança para os dois. Para o filho mais novo, era como se o pai estivesse morto, seu interesse estava no dinheiro da herança.

v. 17 E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
v. 18 Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
v.19 Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.

Aqui descobrimos qual era a intenção do mais moço ao voltar para casa. Não queria voltar a condição que encontrava-se antes. Como jornaleiro (ou trabalhador), ele teria direito a um salário. Diferente do servo, que vivia na fazenda, o trabalhador era como um funcionário autônomo que prestava serviços para o fazendeiro. Os rabinos ensinavam que existem pecados que não podem ser resolvidos com apenas um pedido de desculpa, mas, era necessário que fosse restituido o que foi perdido. O filho mais moço, já convertido, queria devolver ao pai o que ele, injustamente gastou.

v. 20 E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.

O pai da parábola começa a demonstrar sua singularidade. Ele em sua posição de patriarca, chefe do clâ, jamais deveria sair correndo ao encontro do filho. Seu amor e felicidade são demasiado grandes, ao ver a figura do filho vindo ao loge ele não se preocupa com sua condição. Vai a seu encontro pois está de volta para casa. Daí vemos sua característica como pródigo (gasta mais do que o necessário) que investe tudo para salvar.

v. 22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas  (sandálias) nos pés;

 A melhor roupa da casa pertencia ao próprio pai. Tinha que ser a roupa mais cara, pois era seu filho. E ele faz questão de devolver a condição de filho dando o anel da família e as sandálias (para diferenciar dos servos). Parece que posso ver o evangelho sendo descrito neste verso. Desde o momento que Deus faz uma veste com pele de cordeiro para o casal do Édem, até o momento que Ele nos oferece Sua justiça por meio de Cristo.

v. 23 E trazei o bezerro cevado(gordo) , e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;

Mais uma vez vemos o pai que gasta em favor do filho, que oferece o melhor para o que decide estar do seu lado. O bezerro gordo era o animal mais caro do rebanho. Era o que ele tinha de melhor, oferecido em favor do filho. Depois de criar todo este clima, apresentando a figura do Pai Pródigo, creio que os fariseus e escribas  podiam ver nesta figura o próprio Jesus com sua atitude de se aproximar dos pecadores e publicanos. Receber estas pessoas era um insulto para eles e sua religião. Quem sabe neste momento, em seu coração, deve ter aumentado sua confiança de que aquela atitude deveria ser reprovada. Percebe que chega o momento de Jesus explicar sua atitude? Se a parábola terminasse neste momento, eles não seriam abençoados com a explicação. Neste momento, foi criada a oportunidade de Jesus falar ao coração de cada um deles. A continuação da parábola é uma explcação para Sua atitude.

v. 25 E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
v. 26 E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
v. 27 E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
V. 28 Mas ele se indignou, e não queria entrar. E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;

Agora entra em cena a figura do irmão mais velho que representava na parábola, os fariseus e publicanos.  Ele fica indignado em saber que seu pai recebe seu irmão. Isso significava (lembra-se do anel) que ele voltava a ser filho e herdeiro. Mecheu com o seu dinheiro percebe? A alegria do pai não era mais importante que seu dinheiro. Não parece que já conhecemos esta história? Sim, sua atitude é igual a do filho mais velho! A herança era mais importante que o próprio Pai. Outro detalhe do verso é que o filho não queria entrar na festa. Isso indica sua reprovação e rebeldia em relação ao pai. Seu pai também vai a seu encontro (lembra-se de como o pai sai correndo para encontrar o irmão mais novo), nos apresentando uma noção de que ambos estavam perdido. Recusar participar da festa do pai (lembra da outra parábola?) era um sinal de sua condição.
 Elisabeth Elliot conta uma história sobre os dicípulos e seu relacionamento com Jesus que pode nos ajudar muito neste ponto. Lembre-se, é uma história inventada por ela, não está na bíblia, a história é mais ou menos assim:
Certa vez Jesus iria começar uma viagem e pergunta aos discípulos se poderiam realizar a caminhada por Ele. O grupo pronto aceitou. E Jesus disse: “peguem uma pedra e me acompanhem”. Pedro pensou rápido e pegou a menor pedra que havia encontrado, “esta seria fácil de carregar” pensou. Na hora do almoço, Jesus se assentou com eles e abençoou as pedras ordenando que se transformassem em pães. Fantástico! A pedra que carregaram, sem saber, se tornou uma benção. Porém Pedro havia carregado uma pedra muito pequena. A viagem deveria continuar. Jesus fez a mesma pergunta de antes e todos aceitaram caminhar por Cristo. Pedro, agora com fome, pensa que seria melhor ele procurar a maior pedra que pudesse encontrar. Carregando com dificuldade, ele prosseguiu caminhando por seu Jesus. Quando chegou a hora de pararem para novamente comer, eles se sentaram junto a um lago. Pedro estava ancioso por sua pedra/pão. Jesus surpreende então e pede que joguem as pedras no lago. Eles não entendem muito a situação. Mas Jesus lhez faz a pergunta derradeira: “por quem eu pedi que caminhassem?”.
Pedro descobriu que estava caminhado por suas necessidades e conforto. É difícil entender que posso estar em obediência, zeloso pelas coisas de Deus, e estar fazendo tudo isto com as intenções erradas. Romanos 10:2 quando Paulo fala sobre os judeus ele diz que: “têm zelo por Deus, porém nao com entendimento”. Faltava conhecimento do pai para o filho mai velho, que representava fariseu e escribas, judeus, Paulo estava falando em Romanos sobre este mesmo grupo que estava à frente de Cristo naquele momento. Eles deveriam perguntar-se: por quem carregamos a pedra?
No início dissemos que as três parábola deveriam ser idênticas, mas porquê não são. Pense na estrutura que apresentamos acima e veja que falta uma coisa na terceira parábola. Falta alguém para buscar o filho mais novo e esta era a missão para o filho mais velho. Você pode se colocar diante da cena e perceber que esta era a obrigação dos fariseus e escribas. Jesus estava cumprindo a missão do filho mais velho, esta deveria ser a missão desse grupo. Jesus colocava diante deles sua obrigação. Talvez seja por isto que a parábola não tem uma conclusão. Eles deveriam terminar a parábola com uma resposta ao Senhor. Nós precisamos terminar a parábola, respondendo com verdadeiro “imão mais velho”. Caregando a pedra por causa de Jesus. Não por interesse pessoal. Pense nisto!

Os que confiam (Salmo 125)


O Salmo apresenta 3 tipos de pessoas:

       1.       Os que confiam
       2.       Os Ímpios
       3.       Os que se desviam

No primeiro e mais famoso verso do salmo encontramos 3 qualidades para o primeiro grupo de pessoas da lista:

a.       Eles confiam no Senhor: O verbo confiar no caso, não tem a ver com o que pensamos e entendemos por fé. Ele fala de bem estar e de segurança resultante de possuir algo ou alguém em quem depositar confiança. A septuaginta não traduz como “crer” mas como “ter esperança”, expressa então sentimentos. Para que um sentimento seja permanente, é preciso uma base bem segura. A base para esta esperança está na misericórdia do Senhor que gera conforto em contraste com a ansiedade gerada pela forma de adoração pagã, em que um deus tem que ser acalmado para que o povo não seja destruído. Isso nos faz pensar nas fontes de falsa esperança. Coisas aqui desta terra que nos trazem aparente tranquilidade. Ainda pensamos: “quando eu alcançar este ponto, quando estiver em tal lugar, quando receber determinado apoio ou ainda, quando a oportunidade aparecer”, falsa esperança de que receberei uma resposta adequada e tudo estará bem.

b.      Permanece para sempre: aqui precisamos entender um pouco da geografia da palestina, para entendermos a ideia. Jerusalém estava literalmente “plantada” sobre os montes. Sua localização a tornava segura visto a dificuldade de se atacar uma cidade com esta característica. Havia sido construída sobre as rochas, seus alicerces eram sólidos. Era cercada por vários montes e possivelmente, por dois conjuntos de muralhas. Essa lição nos aponta para a necessidade de seguirmos por caminhos seguros. É arriscado aproximar-se da fronteira do inimigo, chegar perto do pecado,  necessitamos firmar nossa base nos locais de segurança que encontramos junto do Senhor. Quanto à palavra hebraica usada no verso (permanecer), ela é utilizada em outras passagens para falar do Senhor que se assenta sobre a arca. A conotação aqui é “entronização”. Isso para mim é importante, pois apresenta o povo entronizado para reinar com Ele para sempre.

c.       São como os montes: o salmista não diz que devemos ser como o monte Sião, ele afirma que somos como o monte Sião. Lembra-se da profecia que tanto aterrorizava o Rei Nabucodonosor? A pedra lançada que destruía a estátua (poderes, reinos representados por cada metal) esta pedra, segundo a profecia, crescia e se transformava em um grande monte. Ele sabia que Babilônia era considerada como um grande monte (Jeremias 51:24 e 25), e que o desfecho do sonho indicava que um reino, infinitamente maior que todos os reinos já existentes em nosso planeta, iria tomar este lugar. O salmista pensa no monte em que estava assentada a cidade de Davi, porém nós pensamos, no reino de Nosso salvador, que vai prevalecer sobre todos os poderes e está separado para os que confiam e permanecem no Senhor. Somos como o Monte porque confiamos e permanecemos firmes nEle.

Agora existe o segundo grupo, a estes, Deus tem reservado sua ira caso não venham a desistir de seus caminhos de rebeldia e sair de Babilônia (Apocalipse 14:10). A bíblia deixa claro que somente quando o reino do Senhor subjugar por completo os reinos da terra “Então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não o serve (Malaquias 3:18-18). Mas a bíblia deixa claro que este dia virá.

O último grupo apresentado é dos desviados, ou seja, os que conheceram e se afastaram. Alguns permaneceram transigentes com os costumes deste século para se sentirem aceitos. Outros permaneceram com uma vida dupla: serviram aos dois lados (ou pensaram que serviam). O livro de Neemias traz pessoas desses grupos: Semaías “o informante secreto”, Noadia, a profetisa mercenária (6:10-14), Eliasibe foi um sacerdote transigente (13:4-9) e um de seus netos que casou com uma filha dos inimigos dos judeus (13:28). o triste deste grupo, é que um dia estiveram do lado de Deus. Um dia provaram da segurança (sentimento), mas talvez não tenham se firmado na base (misericórdia) no alicerce.

O salmo termina com uma declaração de “paz” para Israel. A palavra hebraica Shalom indica a paz num contexto de inteireza, integridade, harmonia e realização. O salmo 85:8 “Escutarei o que Deus, o Senhor, disser; porque falará de paz ao seu povo...”. enquando Davi declara paz sobre o povo no salmo 125 o salmo 85 nos diz que o próprio Senhor irá declarar paz sobre seu povo. E isso foi declarado com o Príncipe da Paz relatado por Isaías (9:6). A paz completa chega em nossas vidas declarada e manifestada pelo próprio Deus em Cristo, por meio do qual, recebemos e provamos a paz completa. A paz dos que por fim, serão entronizados para reinar com o Senhor. 
Shalom aleikhem (a paz sobre vós)!!!!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

VINDE AS ÁGUAS (Izaias 55)


Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. (Isaias 55:1)


Existe alguns textos na bíblia que é quase impossível lê-los sem imaginar algumas cenas. Israel é uma terra muito seca. Quem viaja por esta terra, especialmente pelo deserto, experimenta uma sensação extrema de secura na garganta. Este tipo de sede pode levar uma pessoa a uma aflição intensa. O autor utiliza esta ilustração para apresentar a sede que carregamos em nossa alma. Viktor E. Frankl (um psiquiatra que parece mas não é teólogo) em seu livro “A presença ignorada de Deus”, diz que: sempre ouve em nós uma tendência inconsciente em direção a Deus”. A sede existe, porém, buscamos desesperadamente uma alternativa para ela, um “similar ou genérico”, para reduzir esta sede. Descobrimos então que a maior sede que temos está relacionada com a falta de Deus.

Esta é uma carta de amor de um Deus, para seus filhos em Babilônia. Tanto pode ser endereçada a Israel como pode ser endereçada a nós, cativos do pecado. Nós temos esta sede desesperada mas, não sabemos onde encontrar a água, não sabemos o caminho. O verso diz “todos”, isso inclui aqueles que não conhecem o caminho, que estão seguindo em busca da fonte que satisfaz. Tem um pensamento que diz: “em Cristo existe suficiente para todos e para cada um”. Seu sacrifício oferece para a humanidade se achegar a fonte das águas. Do mesmo modo que oferece a cada pessoa, de acordo com sua necessidade, uma oportunidade de saciar nossa sede particular.

Mesmo os que não merecem são chamados “os que não tendes dinheiro, vinde”. Se você acha que foi longe demais, não se sente digno ou com forças de voltar, é para você este chamado. O “vinho e leite” são citados no verso porque eram considerados artigos de luxo no oriente. Era símbolo das coisas boas da vida. Tem pessoas que sonham em poder desfrutar os prazeres da vida viagens, automóveis caros, luxo. O chamado do Senhor é para provar do melhor, das coisas verdadeiras da vida. O chamado é para provar da água.

Por que gastais o dinheiro... naquilo que não satisfaz? (verso 2)

As religiões pagãs tinham esta característica, se gastava muito dinheiro para adorar os falsos deuses. Eu penso nesta situação em nossos dias, e vejo como se gasta dinheiro com coisas que estão relacionadas com a aparência. O homem e a mulher de nossa época adora sua imagem. Gasta com coisas e logo precisa de mais. Já dizia o filósofo que: “o homem moderno vive entre a ansiedade de ter e o tédio de possuir”. Seguir os moldes deste mundo é tão caro. Gastamos com “aquilo que não é pão”. O pão era o alimento básico das pessoas no oriente. É como o feijão com arroz para nós brasileiros. Os ricos o faziam de trigo e os mais simples de cevada, o caso é que todos podiam se servir com ele.

O profeta chama atenção de todos: “inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá”. (verso 3)

Prestem atenção agora! Parem o que estão fazendo! Coloquem-se em uma posição de receptividade em que possam compreender o que vai ser falado. O Senhor, neste momento pede uma resposta daquele que ouve. E, não por acaso, Ele utiliza uma palavra que indica que devemos estar atentos e outra que indica tanto ouvir como obedecer. Se fizermos assim viveremos. Receberemos da valorosa água, para enfim saciar a sede que nos aperta o coração. Mas o que devemos fazer então?

Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. (verso 6)

Este verso poderia terminar o capítulo, ele explica o motivo de não conseguirmos saciar nossa sede. A palavra buscar tem uma conotação de exclusividade. Ou seja, buscai somente ao Senhor. Indica que outras fontes estão sendo procuradas. Não podemos buscar em mais de uma fonte, Deus não aceita isto. Temos que decidir a quem iremos servir. Por outro lado, vemos que embora estejamos buscando em mais de uma fonte, Ele continua perto de nós. A raiz da palavra indica que Ele está tão perto, mas está esperando nossa aproximação. Nossa decisão.

...porque é rico em perdoar. (verso 7)

Perdoar é não retribuir as ofensas com o castigo merecido. É assim que Deus quer agir com você. Ele tem um tempo determinado para nós, está aguardando nossa decisão. E você? Mas como Deus pode fazer isso? A palavra para perdão tem uma estreita ligação com a palavra utilizada na bíblia para a criação de Deus. Nós criamos de coisas que existem, Ele cria do nada. Como pode perdoar você? Que argumento pode ser utilizado a seu favor? Deus utiliza Seus próprios méritos para salvar os pecadores. Basta buscarmos de verdade. Amigo, depois de ler esta simples meditação, porque não correr para os braços de seu Pai celestial?

terça-feira, 12 de julho de 2011

Entendimento e Salvação (Salmo 119:169 e 170)

Os Salmos estão dispostos em cinco livros, e cada livro termina com uma doxologia (uma prece que valoriza a grandeza de Deus). O salmo 119 faz parte do último livro e é o maior dos salmos. Está dividido em 22 grupos de 8 versos, sendo que, sempre ao iniciar cada grupo, o autor utiliza uma palavra que começa com uma letra do alfabeto hebraico. As 22 letras do alfabeto estão representadas no salmo. No caso dos versos que vamos estudar, o primeiro (verso 169) tem uma palavra iniciada com a letra “TAV” que é a última letra deste alfabeto. O salmo era utilizado para ensinar as crianças a ler e escrever, graças a esta estrutura.
O salmo 119 é um monumento que exalta a palavra de Deus como revelação da vontade do Senhor e seus ensinos. Todo o salmo valoriza este aspecto e também nossa necessidade de meditar no tema “de dia e de noite”.
Os versos que estudamos tem uma particular estrutura literária que nos ajuda a entender, com profundidade, a prece feita pelo autor.

169: Chegue a ti, Senhor, a minha súplica; dá-me entendimento, segundo a tua palavra.

170: chegue a minha petição à tua presença; livra-me segundo a tua palavra.

Podemos organizar o verso em uma estrutura e entender melhor o seu sentido da seguinte maneira:

A Chegue
     B a ti Senhor
         C a minha súplica
              D dá-me entendimento
                  E segundo a tua palavra
                  E’ segundo a tua palavra
             D’ livra-me
       C’ a minha petição
    B’ à tua presença
A’ Chegue

Na estrutura observamos que a mensagem central do verso, acompanha a mensagem central do salmo, uma valorização da palavra/promessa de Deus. Vista sem a ideia da estrutura, poderíamos pensar que os pedidos deveriam ser mais importantes que qualquer outra coisa. No caso aprendemos muito com a estrutura que valoriza tudo o que o Senhor representa para nós. Os pedidos são importantes, mas, a palavra de Deus dá ao adorador a certeza de que podemos pedir. Para que pedir se o Senhor não tivesse feito sua promessa.
Por outro lado, o texto valoriza o sujeito mais importante da adoração, e não é o que pede. Este, não pode obrigar o outro a fazer a sua vontade. Ele está entregue, com confiança, não mãos de quem o pode socorrer.
Ao analisarmos as palavras descobrimos coisas incríveis também:

1. Chegue: difere das outras palavras do gênero, já que dá uma ideia de estar próximo o suficiente para ver ou tocar. Assim deve ser nosso sentimento, ao orarmos, ter a certeza que nos aproximamos do Senhor. No verso 170, o autor utiliza outra palavra que lembra quando o povo se dirigia com seus sacrifícios para o santuário para adorar ao Senhor. Sua oferta (pedido) chegava então a Deus.

2. Presença: o escritor tinha bem claro a importância da pessoa de Deus. Estar na presença dEle já indicava que ele podia confiar que a resposta seria a melhor.

3. Petição: estar tão perto para apresentar os pedidos, ao ponto de ver o tocar. Quando orarmos, este deve ser o sentimento que domina nosso coração. Quando oramos, o Senhor se inclina para escutar, a oração é uma ferramenta indispensável ao crente.

4. Entendimento/Livra-me: agora chegamos ao pedido, o primeiro fala sobre a capacidade de “distinguir entre” ou seja, de entender o que seria melhor. Quando abrimos nosso coração para que o Senhor nos ajude a descobrir o melhor caminho, fazemos da vontade dEle, a nossa vontade. Consagramos e santificamos a nossa vontade. Já sobre livramento, descobrimos que o profeta precisa firmar-se na salvação oferecida pelo Senhor. Somente quando abrimos espaço para que nossa vontade seja santificada, é que encontramos a salvação, pois ela vem de Deus e de fazer a sua vontade. Não é pela força humana.

5. Palavra: No centro da oração está a palavra de Deus. Da mesma forma, que a palavra de Deus, deve estar no centro de nossas meditações e pensamentos. Ao estudarmos a palavra, nosso coração se enche de fé.

A pequena prece nos ensina a grande lição da posição que o Senhor deve ser colocado em nossa adoração. A sua vontade é mais importante que a nossa. Ele sabe o melhor. Ele tem a primazia e deve estar em destaque. Tem você valorizado a palavra revelada como o ponto mais importante de sua meditação? Ela está numa posição mais destacada que seus pedidos?

terça-feira, 28 de junho de 2011

Deus Encoraja Josué (Josué 1: 1-3)

O livro de Josué é uma sequência do Pentateuco. Depois da morte de seu líder (Moisés) em Moabe, Deus dá a missão para Josué. É interessante que Deus tem em sua reserva, instrumentos e forças que não conhecemos até que chegue o tempo oportuno. Quem podia imaginar uma pessoa tão capacitada como Moisés, ficando antes de Canaã e o Senhor levantando outro líder.


Por 3 vezes no capítulo 31 de Deuteronômio e por 3 vezes no livro de Josué, Deus dá palavras de ânimo ao novo líder repetindo a expressão: Sê forte e corajoso! Imagine que desafio para Josué!

Logo no verso 1, vemos desenhada a situação: Moisés é apresentado como Servo (‘ebed) de Deus e Josué é apresentado como Servo (sharat), um Ministro de Moisés, servidor voluntário. A palavra ‘ebed indica uma pessoa que está totalmente sujeita a seu amo. Um servo que está obrigado a servir. Este era o grande desafio de Josué. Mudar seu relacionamento com Deus.

Deus insiste em dizer que: “eu já vos dei todo lugar que pisardes com a sola do pé.” (Almeida do Século 21). Ou seja, somente o lugar em que pisar com o pé. Aprendemos com esta afirmação o seguinte:

a. Se ele deixasse uma parte do território descoberta, esta parte não seria dominada. Não podia ficar parado. Tinha que seguir, não podia ficar parado. A palavra para pé no verso 3 é Regel designa domínio sobre outras pessoas. O domínio de Josué estava delimitado a sua disposição em seguir, em lutar.

b. Existem áreas de nossa vida que necessitam serem possuídas. A conquista de Deus deve ser completa em nossa vida. Se abrirmos exceções, estas áreas serão ocupadas pelos “inimigos” ou por nosso inimigo.

Devemos confiar na promessa, ela é verdadeira. O Senhor já nos deu. Para alcançarmos a terra da promessa, temos que colocar a planta de nosso pé (não ficar parados), e confiar na vitória do Senhor.


quinta-feira, 24 de março de 2011

COMO?


O livro de Lamentações contém 5 capítulos e é distinguido por sua estrutura que obedece os mais rigorosos critérios da poesia hebraica. Os capítulos 1, 2 e 4 iniciam com a palavra típica para um lamento ‘êkâ (como). Esta palavra era utilizada em Israel quando se chorava pela morte de uma pessoa querida, daí a característica de lamentos e o próprio nome do livro.
Os capítulos 1, 2 e 4 começam com a idéia de lamento. O primeiro relata em termos gerais o problema. Já o segundo, entra em detalhes do processo. O capítulo 4 fala sobre as dificuldades do cerco babilônico a cidade de Jerusalem. Os três capítulos possuem 22 versos, sendo que, no texto original, os capítulos 1 e 2 possuem três linhas em cada verso, enquanto, o quarto só possui duas linhas. Já o capítulo 3, que não começa evocando uma lamentação como os outros capítulos, possui 66 versos. A soma dos versos dos versos dos capítulos 1, 2 e 4. Seria como um aprofundamento no tema. O capítulo 5, é na verdade uma oração. Não começa com a palavra ‘êkâ, possui também 22 versos, indica que os sofrimentos de Jerusalém, levaram o povo a buscar os braços de misericórdia divina, aguardando a resposta no tempo oportuno.
Porque um relato poético de acontecimentos já registrados em textos históricos? Os relatos de 2 reis 25 e Jeremias 52, nos dão os fatos relatados em um contexto históricos. Os cinco poemas de Lamentações utilizam-se da linguagem poética para relatar o fator emocional do tema.
O capítulo 3, que vamos analisar mais profundamente, coloca em contraste duas realidades: A Calamidade e a Esperança. Nos primeiros versos, o escritor se comunica com Deus na terceira pessoa do singular, é como se existisse uma separação. O escritor relata sua condição pessoal, as calamidades que afligiram o povo, também podem ser sentidas na vida do profeta. Ele sofre com o fato de, aparentemente, Deus ignorar a sua oração (v. 8).
A partir do verso 19 encontramos uma mudança na postura do profeta. Podemos destacar uma palavra que se repete nos versos 19, 20 e 21. O verbo “Lembrar” aparece nos três versos e é utilizando este verbo que vamos identificar a mudança na postura do profeta. Nos verso 19 ele pede para que Deus se lembre de sua “amargura”. No verso 20, ele diz que quando ele se lembra desta “amargura”, ele fica abatido. Agora a pergunta é: porque Deus pode lembrar e ele não?
Deus pode “lembrar da amargura” de Seu povo, porque Ele pode mudar a situação. O profeta não poderia se lembrar, já que, a idéia de se “lembrar” envolvia solucionar, e pouco faria tentando resolver. Deus não é afetado quando “se lembra” de nossas ansiedades. Ele tem uma visão diferente da nossa. Enquanto, nós vivemos entre um passado e um presente que passa de forma rápida, junto com um futuro que é para nós uma grande interrogação, Ele vive em um eterno presente que faz com que Ele tenha uma visão mais ampla de nossa vida. Um pensamento hebraico sobre o tempo faz uma alusão a um homem remando em uma canoa. Ele está olhando para trás, as ondas que a canoa deixa, fazem parte de sua visão da vida. Está de costas para o futuro.
Já no verso 21, encontramos o profeta mudando o foco de sua atenção. “mas quero lembrar do que pode me dar esperança”. A palavra esperança indica que um remédio pode ser usado, para que, em um curto período de tempo, o homem consiga se livrar do abatimento. Tenho que me lembrar do que pode me dar esperança, se me lembro das amarguras e ansiedades da vida, vou sempre me abater. Mais uma pergunta surge então: o que me pode dar esperança?
O verso 22 e 23 apresentam a idéia: A bondade do Senhor é a razão de não sermos consumidos, as suas misericórdias não tem fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A idéia da Hesed de Deus era bem difundida entre os judeus. Era como um estilo de vida que cada servo do Senhor deveria seguir. Ir além da sua obrigação. Fazer o máximo, além do esperado. Assim seria a explicação da palavra “bondade do Senhor” (hesed). Deus vai além do esperado. Ele surpreende.
Então a esperança que muda o coração do profeta, a esperança que cura as feridas do seu coração, tem como base o Senhor. Não é algo incerto. A palavra esperança hoje, tem uma conotação de algo que possivelmente poderá acontecer. Existe uma possibilidade. A esperança que tocou o coração do profeta vem de uma certeza: apesar da situação que chegamos, apesar do sofrimento que cai sobre nós, podemos confiar no Senhor. O fundamento de nossa fé tem duas grandes bases então: Deus e a sua atividade salvadora. Ele vai além de sua obrigação. Eu posso ter esperança, pois no meio da embaçada visão das calamidades, tenho a certeza que o Senhor está atento a tudo isto.
A partir do verso 40, depois de uma auto avaliação (Examinemos os nossos caminhos), o profeta para um momento de confissão. Fala com Deus com uma nova postura, com mais familiaridade, utiliza a segunda pessoa do singular.
Bom é ter esperança e aguardar tranqüilo a salvação do Senhor (v. 26).

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O PECADO ENGANA E DESTRÓI


Apesar dos subtítulos escritos na bíblia não fazerem parte do texto inspirado, ninguém pode negar que muitos deles descrevem precisamente o conteúdo da porção bíblica correspondente.

Este é o caso da porção do capítulo 17:1-10 do livro de Jeremias. O profeta relata no primeiro verso, até que ponto chegou seu povo. O pecado estava tão arraigado, e como se isto não bastasse, seu engano estava tão escondido a seus olhos, que corriam o risco de não reconhecer a sua transgressão. E ai morava o perigo, já que, “o pecado engana e destrói”.

Jeremias deixa isto bem claro nos versos 5 e 7:

“...maldito o homem que confia no homem...”

“Bendito o homem que confia no Senhor...”

Existe um pensamento que diz que o maior inimigo é aquele que mora dentro dos nossos muros. E este é o caso de nosso coração. Quando Jeremias falava de como devemos desconfiar do homem, pensamos em várias pessoas que nos traíram a confiança. Porém, tenho para mim, que Jeremias estava pensando em uma pessoa em especial, ele mesmo.

Creio nisto porque logo em seguida (verso 9) ele relata “Enganoso é o coração...”. Não pense que o profeta estava pensando em todos os corações do mundo e excluindo o dele. Está afirmando sim que seu coração é enganoso. Uma tradução literal do texto seria: pegar pelo calcanhar. Esta é uma expressão idiomática que indica ser pego de surpresa. Quando menos se espera, vindo de uma direção que não se imaginava, somos pegos de surpresa. E como se isto não bastasse, temos um ferimento em nosso coração que é incurável (desesperadamente corrupto). Agora, o que mais espanta no texto, é a ultima parte do verso que diz “...quem o conhecerá?”. Que revelação incrível, já que o que mais acreditamos é que conhecemos o nosso coração. Isso é assustador! Antes de estudar Jeremias achava que poderia analisar meu coração de tal maneira, que saberia explicar tranquilamente minhas atitudes: erros e acertos. Mas o profeta não nos deixa nesta grande interrogação. No verso seguinte (verso 10), ele explica todo o trabalho de Deus em buscar entender cada um, com seus problemas, dificuldades, o profeta revela que: “Eu, o Senhor, esquadrinho o coração, eu provo os pensamento”. Ele tem uma noção verdadeira de quem eu sou. Porque tomo determinadas atitudes. Minhas reações diante dos problemas. O Senhor conhece porque está empenhado em nos entender, já que, ele vai nos julgar. O restante do verso diz que este julgamento vai se dar “...segundo os frutos das suas ações”. a princípio isto pode nos ajudar já que eu poderia fazer um balanço de minhas atitudes diárias, procurando fazer mais coisas boas que coisas ruins.

Estaríamos seguros nesta situação se a palavra utilizada no idioma original para ações não dissesse respeito a nossas más ações. Que difícil nossa situação!

Porém quando voltamos ao verso 8 descobrimos algo fantástico: “Porque ele é como a árvore plantada junto as águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.”

Água na bíblia pode ser uma ilustração da influência do Espírito Santo (João 7:38 e 39), sendo assim, se pensarmos no verso entendendo que onde lemos sobre a água ou o rio, podemos substituir pela atuação do Espírito Santo, entendemos que se plantarmos a arvora de nossa vida junto ao rio do Espirito Santo, tão perto que nossas raízes possam alcançar este rio, sua influência vivificadora poderá nos ajudar, mesmo em meio ao período de sequidão (problemas e ansiedades). As folhas estarão verdes e muito mais que isto, nossa árvore dará fruto.

Plante sua árvore junto ao ribeiro do Espírito, deixe que suas raízes recebem vida. E isto só vai acontecer se colocarmos nossa confiança no objeto correto. Bendito o homem que confia em Deus.

MENOS CERIMÔNIA E MAIS PRÁTICA


Miquéias foi um profeta judeu que desenvolveu seu ministério no período dos reis Jotão, Acaz e Ezequias. Diferente de Isaías, não era de uma família nobre. Foi contemporâneo dos profetas: Izaías e Ozéias. Seu livro se encontra na seção da Bíblia Hebraica denominada “Profetas Menores”. No capítulo 6:8 o profeta nos brinda com uma importante lição sobre relacionamentos. O texto diz:

Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e Andes humildemente com o teu Deus.

Podemos observar dois aspectos relevantes no texto.

1. “Ele te declarou...”: Miquéias não estava por apresentar algo novo, uma nova luz, ou algo parecido. Desde que o casal no Édem desobedeceu a Deus, uma nova ordem foi criada na relação entre eles. Passou a existir uma separação entre Deus e o homem, que resultou em uma “desconfiguração” dos seres humano. O homem deixou de ter a imagem do criador. Porém, logo depois da queda, Deus revelou a Adão o plano preparado para lidar com a situação. Deus iria restaurar esta imagem, e com isso, trazer suas criaturas de volta a seus braços. Esta esperança foi transmitida por Adão entre as gerações seguintes. Isso foi confirmado pelo Espírito Santo (Romanos 8:16), e foi ampliado pela revelação dos profetas durante anos. O problema é que o povo foi com os anos perdendo o verdadeiro sentido desta revelação. Para os Hebreus que estavam sendo retirados do Egito, influenciados pela cultura deste pais dominante, Deus faz uma aliança, ordenando (Gálatas 3:19) os princípios que eles deveriam seguir para que este processo de restauração fosse seguindo, e estes princípios podem ser vistos no decálogo (Êxodo 20).

2. O problema que surge então, é que para obedecer estes princípios, o povo começa a criar regras tão abrangentes que tornou difícil a guarda destes princípios. O sábado é um exemplo disto. Foram criados 613 mandamentos para uma correta observância do dia de repouso. Destes 613, 365 eram proibições e 248 sugestões de coisas que poderiam fazer. Diante deste emaranhado de temas, Davi, tentando sintetizar a questão, resume esta quantidade em apenas 11 (Salmo 15). O mesmo fez Isaías (33:15) resumindo para 6. Porém, segundo os próprios judeus, quem consegue realizar com êxito esta proesa é o profeta Miquéias. E isto ele consegue no verso que estudamos.

Uma rápido estudo das palavras importantes do verso pode nos ajudar a entender os conceitos do profeta. O profeta entende que Deus já tinha revelado ao homem o que é “BOM” (Heb. TÔB). E esta palavra indica que o profeta estava pensando no sentido mais amplo da palavra.

a. A palavra estava relacionada com o bem prático, econômico ou material;

b. Também indicava bondade abstrata como beleza e prazer;

c. Valor qualitativo, que era usado quando se pensava na pureza do ouro, dos óleos aromáticos da mais alta qualidade e da nobreza do caráter;

d. Da bondade moral;

e. Do bem filosófico.

O bem que o profeta pensava abrangia todos os aspectos da vida, ou seja, Deus revelou ao homem o que ele precisava fazer, porém o homem, se cercou de tantas cerimônias, tradições e costumes, e tudo isto se misturou com a revelação divina de tal maneira, que os homens correm o perigo de achar que estas cerimônias, e simplesmente elas, são responsáveis pela restauração da imagem de Deus no homem. Estas cerimônias não tem valor sem a verdadeira piedade. Práticas externas não podem substituir uma santificação alcançada no contato com o Espírito Santo.

O profeta continua apresentando as formas de seguirmos de acordo com as revelações de Deus, de uma forma efetiva.

PRATICANDO A JUSTIÇA (Heb. MISHPAT): manter a honestidade em todas as suas ações. praticar seria igual a ordenar a vida de acordo com a vontade de Deus.

AMAR A MISERICÓRDIA (Heb. HESED): esta é a palavra mais importante quando pensamos em amor. Uma disposição mental em fazer o bem acompanhada de ações. O termo aparece 250 vezes na Bíblia Hebraica.

ANDES HUMILDEMENTE (Heb.TSANA): desenvolver um correto relacionamento com o Senhor, sabendo que Ele sabe o que é o melhor para cada um. Ele está no controle.

O profeta vai bem fundo no ponto que seria o verdadeiro sentido da religião: desenvolver uma íntima relação com Deus. As cerimônias e tradições só contribuem, se elas desenvolverem este relacionamento. O profeta está totalmente ciente de seu papel como revelador da vontade de Deus. As duas tábuas dos mandamentos são a prova da contextualização da mensagem. Praticar a justiça e amar a misericórdia, são fatores que irão influenciar diretamente os relacionamentos entre o homem e seu semelhante (como diz a segunda tábua da lei). Já o terceiro ponto, andar humildemente diante de Deus tem relação com a primeira tábua (com os 4 primeiros mandamentos), e podemos destacar o verbo andar que dá uma idéia que isto é uma questão diária e constante. Ande e continue andando.

Deus quer restaurar a sua criação, dia após dia, santificar seus filhos os preparando para viver com Ele. Isso tem a ver com um processo interno de transformação. Contemplação e prática. É um desafio para nós, permitirmos este trabalho. Isto tem a ver com disciplina e consagração.