
Logo depois de ter sido proclamado rei em Hebrom (capítulo 12), Davi deseja trazer a arca de volta para Jerusalém. A Arca havia sido tomada pelos Filisteus e colocada na casa de Dagom em Asdode (1 Samuel 5). Ela permanece 7 meses entre este povo. Como a presença da Arca atormentava trazia medo, já que, o Deus dos Hebreus se mostrava superior aos deuses locais. Em 1 Samuel 6:7 diz que os Filisteus fizeram um carro novo para o transporte da Arca. O motivo para trazer de volta este símbolo nacional está explícito no verso 3 de 1 Cônicas 13: “porque nos dias de Saul não nos valemos dela”. A arca era um símbolo da presença de Deus e seus cuidados sobre o povo Hebreu ao entrar na terra prometida. Ela havia sido usada anteriormente como um amuleto de guerra, agora Davi, queria restituí-la a seu verdadeiro propósito.
Claramente, e como revelação de sua capacidade de liderança, Davi deseja que este seja um evento nacional. Compartilhado por todos. O sonho de Davi deveria ser o sonho do povo também. Vemos isso através da quantidade de vezes no capítulo que se repete a palavra “toda/todos/todo” (8 vezes). Era justo que eles fizessem isto. Todos concordaram. A partir do verso 5, Davi reúne cerca de 30 mil homens para organizar o cortejo de 14 km de Quiriate-Jearim a cidade de Davi (Jerusalém).
Davi copia a idéia dos filisteus e coloca a arca em um carro novo. A orientação era bem clara, em Números 4:4-15 e 7:9 deixa a orientação de que ela deveria ser levada pelos Coatitas. A Arca estava na casa de Abinadabe e foi retirada dali com o auxílio de Aiô (que dirigia o carro) e Uzá que acompanhava o carro (Ambos filhos de Abinadabe). O cortejo foi seguido por um espírito de alegria como relata o verso. Porém o verbo utilizado na passagem está em Piel o que dá uma conotação de diversão ou brincadeira. Aparentemente havia uma falta de reverência neste “alegrar-se”. No mesmo verso, logo em seguida, é apresentado uma série de instrumentos que acompanhavam o cortejo. Dentre eles o “tamborim” que era um dos instrumentos de percussão mais comum. Eram usados por mulheres no contexto de diversão. O mais importante sobre o instrumento é que não é mencionado como instrumento de adoração no templo. A idéia de diversão ou até mesmo de uma certa irreverência ao objeto que estavam levando, ou até, a presença de Deus, pode ser notada nos detalhes aqui mencionados.
Porém o momento marcante deste desastrado esforço foi o momento em que, por algum problema com os bois, o carro balança e com a preocupação de que a arca poderia cair, Uzá estende a mão para segurar a Arca. Imediatamente este homem foi morto. Uzá talvez estivesse passando por uma doença espiritual que afeta os cristãos modernos. O fato da Arca ter passado tantos anos em sua casa, fez com que ele se tornasse tão familiarizado com o objeto, que para ele seria normal o toque. Não passam os cristãos por uma crise de familiaridade com as coisas de Deus, a tal ponto que, eles sintam liberdade para se aproximar das coisas de Deus sem o cuidado devido. Será que cristãos não estão confundidos com a definição do que é sagrado e do que é profano. Não estamos “acostumados” com o templo de tal forma que nos sentimos muito a vontade lá? Estas são perguntas a serem respondidas. Davi confessa (15:13) que “não buscamos, segundo nos fora ordenado.” Quando fica triste com o acontecido, ele dá ao nome ao local do incidente de Perez-Uzá (brecha de Uzá). Será que o povo de Deus não tem criado muitas brechas em todos os sentidos que nos levam a realizar a nossa adoração ou vida fora do que Deus nos tem ordenado?
É uma situação a se pensar.
