John Stott

Expor as escrituras é esclarecer o texto inspirado com tal fidelidade e sensibilidade que a voz de Deus seja ouvida e Seu povo lhe obedeça.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O toque de Jesus

Marcos 1
No verso 39 encontramos o relato da primeira viagem missionária de Jesus pela Galiléia (possivelmente no ano 29 D.C.). Nos escritos de Josefo (grande historiador), são mencionados mais de 200 povoados e aldeias na Galiléia. Era uma grande seara para o trabalho do mestre. O relato da cura (v.v. 40-45) do leproso faz parte deste contexto.
A lepra era, segundo o conceito dos judeus, um castigo por causa do pecado. Pensando assim, entendemos que tentar mudar esta condição, seria agir contra os decretos divinos. Alguns lançavam pedras para manter os leprosos a uma distância segura. Os doentes viviam em colônias fora das cidades. Deveriam avisar, gritando, que se aproximavam de locais onde poderiam encontrar outras pessoas. Talvez o maior de todos os problemas decorrentes da enfermidade, seria a exclusão do doente da participação de qualquer programa espiritual da comunidade.
Três grandes obstáculos serviriam de impedimento para que o homem se aproximasse de Jesus:

a) Não havia registros de cura da doença desde os tempos de Eliseu (8 séculos antes);
b) O problema da doença ser vista como uma maldição divina;
c) A dificuldade de se aproximar de Jesus.

Ao estudar sobre o ministério de Jesus, aprendemos que as pessoas não se perdem porque são ruins, por não praticarem o bem. Elas se perdiam por não buscarem a Jesus. A resposta para as pessoas que se desesperam por sua condição, seu caráter, personalidade, etc. Podem encontrar resposta ao se aproximarem dEle. E foi isso o que fez o leproso. o verso 40 diz que ele se "aproximou". Era o que Jesus estava esperando. É a parte do homem.
Seu pedido foi: "Se queres, pode purificar-me". Sabe quando oramos: "Se for da tua vontade...". Este relato mostra que é da vontade de Deus socorrer seus filhos. A pergunta não aponta para dúvida quanto se Ele pode fazer, se tem poder para isto, mas se é da Sua vontade. Se ele queria fazer. Porém o que chama a atenção, é o fato do homem ter pedido purificação e não cura. Entendo que sua ansiedade era por estar curado, mas isto automaticamente implicaria em voltar a participar da vida espiritual da comunidade. Era algo além que uma simples cura.
O verso 41 nos aprofunda no acontecido dizendo que Jesus foi "profundamente compadecido", por ver a cena do leproso ajoelhado diante de si. É impossível estudar o ministério de Cristo sem perceber que sua presença envolvia uma atmosfera de "Amor e poder". Ele não foi infectado pela doença, ma foi afetado pela condição do homem. Nós sofremos hoje por causa das doenças espirituais modernas. Quem sabe o senhor não está profundamente compadecido com a situação dos jovens em meio as drogas, se perdendo em um estilo de vida sem limites na internet, trocando sua dignidade para participar de um grupo ou até mesmo para manter um namorado.
Mas Ele "estende a mão". Quão significativo é este gesto! Era utilizado para a oração da cura, para abençoar. Como Cristo deseja atender nossas enfermidades espirituais, quem sabe ele não está estendendo sua mão sobre você neste momento em que lê esta meditação?
Agora ele toca o leproso. Se não bastasse seus sentimentos, estender a mão, agora Ele o toca. Isto significa envolvimento. O Filho de Deus está tão envolvido com a raça humana, ao ponto de encarnar neste mundo para tocar-nos. Pode você sentir este toque? Este desejo de envolver-se com você? Isto para mim é tão forte, já que Ele toca o homem antes de pronunciar o decreto de cura. Antes que a cura acontecesse, Ele já havia se envolvido com o homem.
Não espere que seu coração reaja para que, só então, você se aproxime de Jesus. Faça como este homem. Clame de joelhos pela cura. Ele espera ansioso por isto.
Deus abençoe!